Artigo de Armando Avena, publicado no Bahia Econômica em 16 de março de 2018

Alguém já disse que a Estatística é ciência que diz que uma pessoa comeu um frango e a outra não comeu nenhum e que assim, em média, elas comeram meio frango cada um. Por isso, não é bom confiar nas estatísticas. As vendas do Comércio baiano, por exemplo, caíram, em média, 0,9% em janeiro e muitos analistas apressaram-se a dizer que a retomada do crescimento econômico não chegou à Bahia. Ledo engano. As vendas no varejo baiano em janeiro cresceram em quase todos os setores, mas um vesgo estatístico está derrubando a média para baixo. As vendas de veículos, por exemplo, dispararam em janeiro, crescendo 25% em relação à dezembro. Aliás, a venda de automóveis na Bahia vem crescendo desde maio de 2017 e acumula alta de 6,0% nos 12 meses encerrados em janeiro. Já o setor de móveis e eletrodomésticos cresceu 3,0% em janeiro e nos últimos 12 meses a alta nas vendas é de quase 30%. E mais: a construção civil parece estar retomando os lançamentos, pois as vendas de material de construção cresceram 8,0% em janeiro e no acumulado em 12 meses apresentam uma expansão de 5,8%. Sendo assim, porque, na média, as vendas no varejo estão caindo? É um efeito estatístico motivado pela queda nas vendas dos supermercados e hipermercados, que tem forte peso na média, e a não contabilização dessas mesmas vendas em empreendimentos atacadistas. O problema é que a população mais pobre migrou suas compras para os chamados atacadistas, mercados tipo Atacadão, Assai, Atacarejo e outros, que possuem perfil de produtos muito mais baratos. O problema é que o IBGE não contabiliza esses empreendimentos como varejo, assim, embora as vendas estejam crescendo, a pesquisa registra queda. Outro setor que passa por problema semelhante são os combustíveis e lubrificantes, com queda de 9,6% em janeiro, por conta da política de preços ora praticada pela Petrobras e pelos postos de gasolina. Afora esses setores que estão distorcendo a média, as vendas no comércio baiano vão de vento em popa com setores como o de informática e comunicação, artigos de uso pessoal e doméstico e artigos farmacêuticos crescendo acima de 10%. Em suma: as vendas no varejo baiano estão crescendo, apesar da estatística. O PROBLEMAS DOS SUPERMERCADOS As vendas nos supermercados e hipermercados baianos estão caindo todos os meses há quase um ano. O Presidente da Abase – Associação Baiana de Supermercados, Joel Feldman, afirma que o movimento é resultado do desemprego, que está levando milhares de pessoas a comprar em mercados atacadistas que praticam preços menores, tem outro mix de produtos e menor oferta de serviços. Feldman acredita, no entanto, que o consumidor deve voltar gradualmente a comprar em supermercados e hipermercados tradicionais, que oferecem um serviço melhor e maior diversificação de produtos, mas isso só vai acontecer à medida que o desemprego caia e a renda dos trabalhadores seja recomposta. Segundo ele, nesse momento as vendas deixaram de cair e começam a se estabilizar. E diz que há otimismo no mercado. Feldman parece ter razão, afinal, há vários investimentos em curso nessa área e marcas como Atacarejo, GBarbosa, Ideal, Rede Mix, Pão de Açúcar e outras estão inaugurando ou em vias de inaugurar novas lojas em Salvador e sua região metropolitana. UMA ELEIÇÃO IMPREVISÍVEL A eleição presidencial de 2018 será a mais imprevisível da república brasileira. Dentro de um mês o quadro político estará consolidado, com o fechamento da janela partidária,  e tudo indica que não vai aparecer o tão sonhado outsider, ou o candidato de fora da política. Assim, com o ex-presidente Lula fora da disputa, dado o quadro jurídico atual, o cenário será de pulverização. E a disputa vai se dar entre o prestígio pessoal e eleitoral de alguns candidatos – Bolsonaro, Marina e Ciro – e a força política dos candidatos dos grandes partidos – Alckmin, o candidato do PT e aquele candidato que se coligar ao MDB e que terá a seu favor a enorme estrutura do partido e a máquina do governo, mas, como contraponto negativo, o legado da impopularidade de Michel Temer. Será que o prestígio eleitoral de Marina, Bolsonaro ou Ciro serão capazes de superar o tempo de televisão inexpressivo e a pouca estrutura de seus partidos? Será que a força partidária e a disponibilidade de tempo de televisão do PSDB, MDB e PT serão capazes de superar a inexpressividade de candidatos como Alckmin, Haddad, Meirelles e companhia?  E, tanto de um lado como do outro, será que o eleitor, tão agastado com a política, vai chancelar qualquer desses candidatos, que parecem tão próximos aos esquemas políticos tradicionais? São perguntas cujas respostas vão aparecer somente no decorrer do processo eleitoral. QUE É ISSO, COMPANHEIRA? O governador Rui Costa afirmou esta semana de forma pragmática que o PT deve buscar, sim, o voto das pessoas que apoiaram o impeachment.  A Presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ficou indignada e bradou aos quatro cantos que não quer votos de quem apoiou o impeachment.  Ou seja, a senadora está descartando o voto de 60% dos brasileiros que, de acordo com pesquisa Datafolha e Ibope realizadas na época, eram favoráveis ao impeachment de Dilma. Quem está disputando a eleição no PT, deve estar se perguntado: Que é isso, companheira? EX-CAMPEÃ Salvador livrou-se do título de campeã do desemprego e, segundo o IBGE, apresentou em janeiro a menor taxa de desemprego desde 2016. A taxa de desemprego em Salvador em janeiro de 2018 foi quase 30% menor do que em janeiro de 2016, ficando apenas em  9olugar entre as cidades com maior nível de desocupação. E mais: a capital baiana foi a 2a cidade no Nordeste que mais criou emprego com carteira assinada em janeiro deste ano. Vários fatores estão determinando esse resultado, a exemplo da recuperação econômica da cidade, da retomada do turismo e do ciclo de festas, dos novos investimentos, que só no programa Salvador 360 atingiram R$ 1,8 bilhão em 2017, especialmente na área de serviços e supermercados,  e também das dezenas de obras públicas que se realiza na cidade.      FORD À PLENA CARGA A produção do complexo de automóveis da Ford está todo vapor. A produção de veículos na Bahia, cuja única empresa produtora é a Ford, cresceu quase 40% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado. As exportações de automóveis populares da empresa cresceram 150% no primeiro bimestre do ano e assumiram o 2o lugar entre os principais produtos exportados pelo Estado. Os dados são do IBGE e do MDIC. Fonte: Bahia Econômica, Armando Avena"> Artigo de Armando Avena, publicado no Bahia Econômica em 16 de março de 2018

Alguém já disse que a Estatística é ciência que diz que uma pessoa comeu um frango e a outra não comeu nenhum e que assim, em média, elas comeram meio frango cada um. Por isso, não é bom confiar nas estatísticas. As vendas do Comércio baiano, por exemplo, caíram, em média, 0,9% em janeiro e muitos analistas apressaram-se a dizer que a retomada do crescimento econômico não chegou à Bahia. Ledo engano. As vendas no varejo baiano em janeiro cresceram em quase todos os setores, mas um vesgo estatístico está derrubando a média para baixo. As vendas de veículos, por exemplo, dispararam em janeiro, crescendo 25% em relação à dezembro. Aliás, a venda de automóveis na Bahia vem crescendo desde maio de 2017 e acumula alta de 6,0% nos 12 meses encerrados em janeiro. Já o setor de móveis e eletrodomésticos cresceu 3,0% em janeiro e nos últimos 12 meses a alta nas vendas é de quase 30%. E mais: a construção civil parece estar retomando os lançamentos, pois as vendas de material de construção cresceram 8,0% em janeiro e no acumulado em 12 meses apresentam uma expansão de 5,8%. Sendo assim, porque, na média, as vendas no varejo estão caindo? É um efeito estatístico motivado pela queda nas vendas dos supermercados e hipermercados, que tem forte peso na média, e a não contabilização dessas mesmas vendas em empreendimentos atacadistas. O problema é que a população mais pobre migrou suas compras para os chamados atacadistas, mercados tipo Atacadão, Assai, Atacarejo e outros, que possuem perfil de produtos muito mais baratos. O problema é que o IBGE não contabiliza esses empreendimentos como varejo, assim, embora as vendas estejam crescendo, a pesquisa registra queda. Outro setor que passa por problema semelhante são os combustíveis e lubrificantes, com queda de 9,6% em janeiro, por conta da política de preços ora praticada pela Petrobras e pelos postos de gasolina. Afora esses setores que estão distorcendo a média, as vendas no comércio baiano vão de vento em popa com setores como o de informática e comunicação, artigos de uso pessoal e doméstico e artigos farmacêuticos crescendo acima de 10%. Em suma: as vendas no varejo baiano estão crescendo, apesar da estatística. O PROBLEMAS DOS SUPERMERCADOS As vendas nos supermercados e hipermercados baianos estão caindo todos os meses há quase um ano. O Presidente da Abase – Associação Baiana de Supermercados, Joel Feldman, afirma que o movimento é resultado do desemprego, que está levando milhares de pessoas a comprar em mercados atacadistas que praticam preços menores, tem outro mix de produtos e menor oferta de serviços. Feldman acredita, no entanto, que o consumidor deve voltar gradualmente a comprar em supermercados e hipermercados tradicionais, que oferecem um serviço melhor e maior diversificação de produtos, mas isso só vai acontecer à medida que o desemprego caia e a renda dos trabalhadores seja recomposta. Segundo ele, nesse momento as vendas deixaram de cair e começam a se estabilizar. E diz que há otimismo no mercado. Feldman parece ter razão, afinal, há vários investimentos em curso nessa área e marcas como Atacarejo, GBarbosa, Ideal, Rede Mix, Pão de Açúcar e outras estão inaugurando ou em vias de inaugurar novas lojas em Salvador e sua região metropolitana. UMA ELEIÇÃO IMPREVISÍVEL A eleição presidencial de 2018 será a mais imprevisível da república brasileira. Dentro de um mês o quadro político estará consolidado, com o fechamento da janela partidária,  e tudo indica que não vai aparecer o tão sonhado outsider, ou o candidato de fora da política. Assim, com o ex-presidente Lula fora da disputa, dado o quadro jurídico atual, o cenário será de pulverização. E a disputa vai se dar entre o prestígio pessoal e eleitoral de alguns candidatos – Bolsonaro, Marina e Ciro – e a força política dos candidatos dos grandes partidos – Alckmin, o candidato do PT e aquele candidato que se coligar ao MDB e que terá a seu favor a enorme estrutura do partido e a máquina do governo, mas, como contraponto negativo, o legado da impopularidade de Michel Temer. Será que o prestígio eleitoral de Marina, Bolsonaro ou Ciro serão capazes de superar o tempo de televisão inexpressivo e a pouca estrutura de seus partidos? Será que a força partidária e a disponibilidade de tempo de televisão do PSDB, MDB e PT serão capazes de superar a inexpressividade de candidatos como Alckmin, Haddad, Meirelles e companhia?  E, tanto de um lado como do outro, será que o eleitor, tão agastado com a política, vai chancelar qualquer desses candidatos, que parecem tão próximos aos esquemas políticos tradicionais? São perguntas cujas respostas vão aparecer somente no decorrer do processo eleitoral. QUE É ISSO, COMPANHEIRA? O governador Rui Costa afirmou esta semana de forma pragmática que o PT deve buscar, sim, o voto das pessoas que apoiaram o impeachment.  A Presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ficou indignada e bradou aos quatro cantos que não quer votos de quem apoiou o impeachment.  Ou seja, a senadora está descartando o voto de 60% dos brasileiros que, de acordo com pesquisa Datafolha e Ibope realizadas na época, eram favoráveis ao impeachment de Dilma. Quem está disputando a eleição no PT, deve estar se perguntado: Que é isso, companheira? EX-CAMPEÃ Salvador livrou-se do título de campeã do desemprego e, segundo o IBGE, apresentou em janeiro a menor taxa de desemprego desde 2016. A taxa de desemprego em Salvador em janeiro de 2018 foi quase 30% menor do que em janeiro de 2016, ficando apenas em  9olugar entre as cidades com maior nível de desocupação. E mais: a capital baiana foi a 2a cidade no Nordeste que mais criou emprego com carteira assinada em janeiro deste ano. Vários fatores estão determinando esse resultado, a exemplo da recuperação econômica da cidade, da retomada do turismo e do ciclo de festas, dos novos investimentos, que só no programa Salvador 360 atingiram R$ 1,8 bilhão em 2017, especialmente na área de serviços e supermercados,  e também das dezenas de obras públicas que se realiza na cidade.      FORD À PLENA CARGA A produção do complexo de automóveis da Ford está todo vapor. A produção de veículos na Bahia, cuja única empresa produtora é a Ford, cresceu quase 40% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado. As exportações de automóveis populares da empresa cresceram 150% no primeiro bimestre do ano e assumiram o 2o lugar entre os principais produtos exportados pelo Estado. Os dados são do IBGE e do MDIC. Fonte: Bahia Econômica, Armando Avena"> Arquivos Notícias - Página 2 de 2 - Ricardo Xavier

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